mais uma dose

o estalo da mão no balcão
pedia ao garçon
1 litro de felicidade

o gole descia quente
queimando as dores
da carne e alma

te levanta! te levanta!
covarde, acorde!
a voz retornava ao ouvido

noutro gole
o fundo do copo
e se foi tudo outra vez

só resta dores na cabeça
ponta de faca no coração
joelhos no chão e um grito sofrido

- me dê mais uma dose, meu dinheiro acabou,
mas a sede, da alma indaga outro gole,
pra vida, de novo, ter sabor!

Victor Matheus
20/11/09

oxidando

Percebi hoje ao espelho
fazendo a barba ainda rala
cabelos brancos na cabeça

Não sinto, não ouço
mas meu corpo oxidando
está morrendo lentamente.

Sinto o coração ainda bater forte
quando encontro minha amada
e transo na escada

corro a memória
e volto 20 e poucos anos
ainda criança cheia de sonhos para recordar.

agora é tão real
o futuro no agora
e menos interessante que imaginei.

não sei se errei
ou a quem machuquei
e isso não diminui meus cabelos brancos.

até arranco-os pra tentar me enganar
mas a pele, murcha,
feito fruta, depois de chupar!

Victor Matheus,
15/10/09

dica de malandro

malandro
ganha o beijo
e o coração

mané
um soco
e um pescoção.

Victor Matheus
11/09/09

cigarro

a vida
é um cigarro
        que queima
               até acabar.

Victor Matheus


mulheres e vícios

é fato
meus melhores amigos 
são os vícios

a eles
declaro meu amor
igual as mulheres de Vinícius.


Victor Matheus
08/06/2009

fazê-la mulher


Mão 
entorpecida
molda o quadril de jeito

desejo
exalando
inconsciente

beijo envolvente
sem esconder
o que quer

tomá-la
nos braços
e fazê-la mulher

Victor Matheus
30/05/09

partida

 Lágrimas
nos olhos
       e dor

                amor
                ausente
                sem cor

  sem beijo
      abraço
   palavras

                partindo
                sem deixar
                sabor!

 Victor Matheus
      31/05/09

Filho (Moleque) Victor Matheus


Não me amoles,
me deixe só,
vá sapecar brincalhão,
vá correr com teus amiguinhos,
jogue bola,
de pé no chão.


Moleque da mamãe,
aproveite enquanto é tempo,
ande de peito aberto,
tranquilo e sem preocupação,
e não deixes que ninguém estrage
teu infantil coração.


Vera Lúcia Portal, 1985.

Mãe, te amo!

sobre duas amigas


Sentimento
exposto
feito sol nascente

pra que todos
saibam
o que sai da gente

esse carinho
mútuo
feito irmãs

de graça
intenso
para todo o sempre.

Victor Matheus
29/05/2009

devorá-la

Mordo o ventre
molhado e quente
ardendo em desejo
          só de provocar

                  sinto o gosto
                e o cheiro forte
                     da sua alma
                     me enfeitiçar

                         quero ela
         na ponta da língua
              minha fantasia
             só pra brincar

            essa noite
       o dia inteiro
 nesse veneno
me lambuzar.

Victor Matheus
28/05/09

órfão

                   quero
                   ser
                   órfão

                   duro
                   para 
                   o mundo.

           quero
              não
          chorar

               ser
             gelo
não quebrar

   Victor Matheus
        28/05/09

de graça

carinho
é de graça
amor não

sorriso
também é de graça
mas beijo não

beijo
se rouba
sorriso só o coração.

Victor Matheus

sabor-e-ando


gosto
de
gente.

de
sorriso,
amigos,

gosto
até
de domingo.

gosto
de cinema,
resenha, inocência,

gosto
tanto
da ciência.


nao gosto
de ser esquecido,

nao ter
um lugar,
de abrigo,

menos
ainda
de ser sozinho,

olhar
pra frente
e me ver perdido.

Victor Matheus
25/05/2009

só minha


quero
parar
o tempo

que
só exista
o agora

porque ela
é encanto
sorriso fácil

feitiço rápido
com a mão
no cabelo

e até
perto do chão
parece levitar

ela é sonho
gostoso
de sonhar

Victor Matheus
01/05/2009

suspirar


mesmo
que um dia
falte o ar

não esqueça
o cheiro
da chuva

e
como
é mágico

suspirar
por um
novo amor.

Victor Matheus
01/05/2009

marcas de anjo

pés
que tocam
a areia

beijados
pela água
do mar

parecem
ser
um anjo

levitando
no infinito 
brilhar.

Victor Matheus
23/04/2009

bota na mesa


sobre a mesa
um punhado
de mentiras

contas
dinheiro
foto de despedida

pedaços
do coração
dentro d'um ponte

para ser
devorado
até a morte.

Victor Matheus
22/04/2009

na vontade


o vento
balança
o cabelo

a mão
na cintura
é feito veneno.

ar inocente
que me faz
delirar.

vontade louca
dessas curvas
chupar.

Victor Matheus
22/04/2009

sintonia


aquele frio
que bate
no pé da espinha

quando
sem entender
se cria a poesia

ou quando
vem o fruto
de nome filha

sentindo
que a vida
chegou a sintonia.

Victor Matheus

do pecado


oculos
de
70

boca
de
pecado

sorriso
até
que tímido

curvas
me 
despedaço.

Victor Matheus

enrosca

um gole amargo
do trago quente
esquenta a boca
seca da gente

alivia a dor
que bate no peito
desejo morrendo
com o sol nascente

noutro gole mata
a tal da sede
a vontade que bate
de querer novamente

esse corpo quente
encostando no meu

esse corpo quente
enroscando no meu.

Victor Matheus

sobre poemas

Poemas
são como filhos:

fecundamos
no fundo da alma,

cultivamos
com zelo,

até eles
pedirem liberdade,

então eis
que surgem os versos,

o espelho d’alma.

Victor Matheus

veneno

escondi
na alma que arde
invade provocando dor.

dei valor
ao que antes
foi inconstante
agora já não mais.

guardei no peito
escondendo de jeito
sentimento imperfeito
do melhor sabor.

e ainda que negue
e a carne fere
provo deste veneno
de nome amor.

Victor Matheus
17/2/9

oculto amor

oculto em versos
sentimento profundo
palavras que escorrem
o néctar da dor.

entre as rimas
se mistura o sabor
este receio insano,
se entregar ao amor.

Victor Matheus

voyer

fêmea
ombro nú casual
comtempla a noite
com bebida na mão

dança
acompanhando do som
sorriso macio
derramando da boca.

faz de tudo arte
dos caminhos passados
contos contados
imagens e gestos

mistério
teu mundo exala
mas nada fala
se esquiva 
quando tento indagar

mão discreta
repousa na mesa
buscando o torpor 
de gosto latino
jovem sensual
desarmada quando quer
discreta mulher
me seduz sem desejo.

noites de esbórnia
a única dama
que a chama acende
dessa carne frágil e quente, voyer.
Victor Matheus